Culto a Mim

Cai a noite em cima de mim

Negro céu com brilhos fortes

Brisa, frio, tudo assim

Tudo bem com minha sorte.

Caio em transe, caio sim

Na noite os braços abertos

Olhos fechados, tudo assim

Como a sede nos desertos.

Cai a chuva, e eu assim

Tão imóvel como uma parede

Um Cristo, um asno, um estopim

Bem lavada, a alma sede.

Caio ao chão, os joelhos lá

Tão marcados quanto a mente

Apagada como a vela a velar

Que na chuva não acende.