Estranha Melancolia

Fabriquei-te do rol das ilusões floridas,

dos mais longínquos desertos solitários,

sentimentos te enfiei para esperançadas

e eternizadas fazeres as minhas alegrias!

Criei-te olhos dourados de sóis d’outono

para não t’ocultares n’algum desengano,

puro amor frutecendo meu anseio calado

em loucas quimeras de um desesperado!

Nos sóis d’outono teus olhares não vejo,

talvez invernos de lua tenham teu beijo.

Em que esquinas o meu sonho te perdeu

e teu perfume de alvorada me esqueceu?

Procuro-te no cavalgar manso dos ventos,

quando a lua se afunda nos pensamentos,

mas o que tenho é já o sonho murchando,

mórbida tortura vai me largando isolado!

Tua boca deliciosa ressonhá-la-ei celeste,

cândida inundando meu estio eternamente,

imploro sonho, nunca me dês ao abandono,

em ti futureço a esperança d’amor em hino!

D’infindos espasmos triste-melancólicos

eu inventarei sóis ricos no extremo polar,

da saudade morna que dos sonhos me fica

nascerei melodias que a nuvem me finca!

Invadindo meus silêncios interpretativos,

apenas devaneios me fazem dias festivos

e afundam o amor dentro de meus pesares

colorindo de vida imaginativos sonhares!

Porque saudade é minha melancolia lunar,

a minh’alma-fênix reluz acesa da saudade,

batendo as longas asas quer voar felicidade

e sob o belo céu de luar me ponho a bailar!

Santos-SP-22/07/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 22/07/2006
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