Escorpião
Ateou-se o círculo de fogo,
Morno, ao longe inicialmente
De pequenas chamas iridescentes
Eu, pequeno artrópode atormentado,
Rodopio em torno de mim mesmo
Procuro saída e não encontro.
Vem a massa quente aproximando-se
Quente, sufocante ameaçando
Agora grandes chamas chamuscantes.
Em minha pele, o ressecamento
Em minha garganta, a secura insuportável
E dentro de mim ainda o anseio de fugir.
Fugir e não há saída
E a morte iminente a surgir
A certeza do crepúsculo e da noite
Não há próximo dia a raiar,
Nenhum vislumbre de água fresca
Nenhuma nota descrevendo uma melodia.
Pauta vazia, oca
Silêncio
Só o crepitar, o crepitar crescendo.
Giro novamente em torno de mim mesmo
A muralha de fogo intransponível
Sufoca-me, impede-me de respirar.
Não tolero esperar pela morte lenta,
Doloroso fim
Final que resolvo eu mesma definir.
Decido-me
Volto meu ferrão em direção às minhas costas
Cravo-o, enveneno-me, mato-me.