VIAGEM...

É o momento da verdade da insanidade dos que entram no mundo das loucuras... O amparo, o abandono, a coragem, o medo, a alegria e a tristeza. Alucinações em verdades, sonhos de alguém ... A realidade ou a incerteza, do retorno desta viagem...

As trombetas na panela fervendo, viraram um caldo fino e amarelado, na boca descendo...

Fui sorvendo... Crescendo... Diminuindo e crescendo... A loucura absorvendo..., e batendo. Vi alguém a enrolar um..., fumamos...

A encarnação da mente embriagada de fumaça, viajava nos mofos azuis das minhas veias, já não me conhecia...

Estranhos seres desembarcaram nas costas dos meus anos, aspiraram os meus olhos, escalaram transparentes degraus, lamberam o chão...

Muitos mártires desnudos ensaboavam-se nas trevas,

as suas mãos batiam palmas sob os meus pés...

Cai o temperamento do infinito e eles sobem,

somem nas dunas negras em direção do abismo...

É o momento da ave que pousa no meu ombro ferido de porcelana, fazendo sombra no meu cabelo perfumado de ervas.

Então escorrem as lágrimas de orvalhos vermelhos, passeando dentro da minha visão seca e paralisada.

Agora a minha língua é úmida e cheia de folhas e os meus ouvidos soltam musgos na carne costurada do meu corpo que some no ar...

Céu procurando-me em vão...

Trombeta, anágua de Vênus ou buzina. (Nome de uma planta alucinógena da qual se faz o chá).

Eduardo Eugênio Batista.

Setedados
Enviado por Setedados em 21/03/2010
Reeditado em 15/05/2011
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