Além da Loucura

Ei, tu aí, tu mesmo?

Que há pouco me chamava de querida.

Enquanto conversávamos de solidão;

Observava o trabalho das formigas.

Sentados no cordão, ao pé da calçada;

Percebia-nos como loucos em devoção;

Pobres diabos!, com suas dolorosas feridas.

Por que pensávamos querer entender?

Nosso encontro, nossos adeus, sempre sem partida;

Se somos tão minúsculos a perder de vista;

Como partes opostas de um beco sem saída.

De tudo quero apenas que saibas:

Que além do tempo existe o nosso amor;

Nele ouço a razão que me faz sentir;

Que sonhar jamais será um ato falho;

E mesmo com a fumaça de teu cigarro,

Tua música, nossa colcha de retalhos,

O que nos resta pois, muito além dessa loucura?:

Da intensidade que nos espera? Do colchão no chão?

Do Forest Gump, da gata Tarrucha? Do Inhame perdido?

Resta-nos pois, a Felicidade;

De viver em eterna despedida;

Até que a morte nos separe;

Dessa aventura que nos desatina.

ACCO

Foca
Enviado por Foca em 04/04/2010
Código do texto: T2177006