Coisa da idade, superficalidade moderna.

Ja me disseram que viver é ser feliz;

Coisa da idade, superficalidade moderna.

Ser tão só feliz, e nada mais.

Mas é assim, corrido o corriqueiro,

vivendo arduamente tal desespero, que pouco tenho da paz.

Já me disseram que escrever é normal.

Vejo, portanto, que é questão de quem se engana.

Do amor, nada assim tão bilateral.

Que a inquietude, por sí só, nada ama.

Já me disseram do horror, o teu talento;

outrora é vulgo que te chamem e te espante.

Nem que o dráculo do terror seja assim tão violento,

teu coração não é surreal para que seja desenho esvoaçante.

Coisa da idade, superficalidade moderna.

Já me ensinaram o rancor, a dor, o calor,

terminados léxicos em "or" que em pauta se matricule.

Foi portanto o dogma e a idéia, o fato

e a vivência, daquilo, que hoje se presume.

Já me disseram que o hiato é norma

e o jeito, mero clero gramatital;

hoje não tem forma, vive intensamente a vida banal.

Alexandre Garcia de Negreiros Bonilha

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 11/04/2010
Reeditado em 11/04/2010
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