ESSE OCEANO QUE SOU

Há em mim mares calmos ensolarados

De águas refrescantes e marolas a esmo

Que borbulham afeto, ternura e desejo

Tão acolhedoras que me devolvem o mesmo!

Há em mim mares inesperados

Ondas em sequências, que não sei quando vêm

Quando menos espero me levam com a força que têm...

Mas, como elas vêm, elas vão, e logo me recupero.

Há em mim mares revoltos, assustadores, insurgentes...

Há um encontro dessas tempestuosas águas

Com as que descem do céu...

Agitam e revolvem meu íntimo, me reviro em fel

Olho de longe pra dentro, sinto medo... Loucura!

Esse oceano que sou... Susto e encanto...

Como posso eu ter tantas águas assim?

E movimentos tão diversos em mim?

Como posso ser eu toda água e sentimento?

E não ter me espalhado, sumido...

Nesse deserto por onde ando?

Sei que continuo seguindo...

No limite dessa imensidão

Com orlas, ilhas, baías e encostas

Meus amigos, amigas, meu filho,

E um amor que me acordou mulher,

Veio pra ficar, quer me navegar...

São todos meus amores.

Continente meu!

Por isso continuo inteira!

Não me dispersei nessa aguaceira.

Vila Velha 03/04/2010

Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 06/05/2010
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