Melancolia

Ando para um lugar que desconheço.

Chego, enfim, à beira do abismo.

Medo!

Corro rumo ao horizonte.

Não consigo alcançá-lo,

pois quanto mais me aproximo,

mais ainda me afasto.

Sinto os chicotes do vento

surrar-me o corpo.

Arrepio!

Adentra-me a alma tal brisa.

Louca, encara-me o espírito.

Santa, adormece-me.

Triste, adoece-me.

Agonizo imensa dor.

Como pesa meu coração!

Tristeza!

Chora agora minh’alma.

Grita. Quer ser ouvida.

Representa. Anseia por aplausos.

Cala. Prefere o silêncio dos bons.

Rasgo todo o espírito.

Firo-o com espada flamejante.

Raiva!

Esquartejo-me o corpo.

Corto os pulsos.

Furto-me a mente

e me jogo ao léu.

Esvazia-se agora este jazigo.

Transcendo, enfim, a podre carne.

PAZ!

Ilhéus/BA, 18 de maio de 2010.