A nova religião
Beco sem saída
Em que nos encontramos
E tentamos voltar
Mas nem isso podemos
Vamos avante
Porque talvez seja pra lá
O encontro com o muro
Para a ruína selar
Fechemos os olhos
Pois só assim sorrimos
E vamos brincando
De estarmos bem
Sou um garotinho
Fadado ao fracasso
Assim como todos:
Quem é humano fracassa!
Como viver assim?
Uma vida fadada ao pessimismo,
Fadada à morte escondida
Porque todos já morremos!
Não existe ressurreição
Por sermos todos acaso,
Um grande sem motivo
Da grande mãe natura
Vamos parar de nos matarmos
E vamos nos rebelar contra tudo,
E contra nos mesmos também!
Querem por ordem...
Querem mas já não conseguem
Somos organismos desordenados
Quem quer ser formiga?
Eu sou um leão!
Quem disse: Ordem!?
Morte a todo tipo de ordem
Pois ela vai me colocar rédeas
Para ditar por mim uma coisa que não quero ser.
Nem mesmo rimas devem ter ordem
Nem mesmo a arte,
Nem mesmo eu,
Nem mesmo as formigas!
O que me faz diferente delas
É eu tentar organizar algo que não é organizado
Ignorando as outras possibilidades
E me entregando ao destino...
Destino fútil e embasado
Em uma moralidade que me mata
E quebra com o meu maior bem...
Que é viver!
Sim, viver é um bem!
Desde que desapegado dessa moralidade
Anti-carne... que faz com que eu despreze
Todas as paixões para acreditar
E vamos acreditando em um Deus que ordena
Um rebanho desgarrado
E poucos de nós nos rebelamos,
Porque ir contra Deus é ser marcado por brasa!?!
O inferno é Deus!
Sem ele o inferno não existe!
Porque quero ir pra ele?
E negar a minha natureza?
A minha natureza é negar Deus!
Mas não é ser ateu!
Há uma diferença...
Um ateu ainda é um crente!
Eu creio no Humano!
Eu creio na desracionalização de meus sentidos!
A minha religião é a minha excitação e minha vontade!
Sem mais para a ignorância da moralidade.
Apenas uma moral deve imperar:
A do respeito.
Porém com Deus impera a outra:
A do domínio.
Quero sair do domínio angelical
Virar um anjo humano capaz de ser...
Ser com todas as letras...
Ser de todas as formas...
A crença gera preconceito
E o preconceito gera desrespeito.
Vou parar de desrespeitar a mim
Acreditando em algo que ancestrais criaram.
Não quero mais essa balela
De desesperança e messianismo,
Vou começar a mandar em Deus,
Porque ele é meu fruto.
Amém!