Eu e o Abismo

Sentado à beira de um abismo

Com a ideia firme de partir mais cedo

O medo de cair toma-me a mente

E, solenemente, a razão que, atenta ao casuísmo,

Aponta ao meu trôpego corpo, o degredo.

Já se vai metade do século

E eu, aqui, varrendo o chão do inferno

Um inverno que a solidão impõe

À alma, num pensamento incrédulo...

Vasta sabedoria, regada com estupidez

Que me fez, e que se desfaz em sermões.

Os pensamentos agonizam-me intempestivamente

Minha mente se abriga em vestes fúnebres

Não sei o que penso saber, nem de onde eles vêm

Um trem arranca o meu cérebro agonizante

Flutuante pelo espaço... sou um raio valente

Num corpo composto, tenho pensamentos lúgubres.

E, num espaço à frente, toma-me a demência

Confluência de dogmas e costumes

Tapumes em terra descampada

Um nada que se assoma a um quase ser

Ser ou não ser; quem sabe, sabe querer

O acaso, por acaso é contingência...

Ambigüidade em uma vida comparada.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 08/12/2010
Código do texto: T2659624
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.