O Véu no Céu

O Véu no Céu

Um ondulado de curvas como uma taça de vinho transbordante de olhares mútuos, um elemento desalinhado na faísca da obscuridade que reflete nos metais enferrujados, um impecável distúrbio avaliado na sombra da mão inquieta que define o ar comprimido dentro do meu eu em desjorros de imãs.

O veneno que cerca a imparcialidade do meu rio, a língua contraída forçadamente por traz dos lábios, a coragem do elo desencadeando o tenebroso explodir de orgasmos infiltrados contra paredes de lâminas enfileiradas cujos gumes cegos não apontam a incerteza dos navios atracados na imensidão do meu interior.

Os andróides de fibras óticas como a garrafa de wisque que indago ainda no véu da noite, os eclipses confrontais de estrelas do dia igual os meus quando enfrentam luas, os descalços mendigos nas ruas com escassos nós em cobertores de lãs imaginárias de letras e manchetes comparado ao meu nervo ciático que ainda pensa e adestra as colunas do meu vivo que bate, pulsa, estremece, inspira e expira a orgia das flores, a magia das dores, a alegria das cores, a fantasia de amores que me retrata e emoldura nas galerias mórbidas do véu da boca, no céu da louca tempestade sem ruídos.

É a descrição do monumento vivo que sobe e desce como as velas de pára-quedas que velejam meu eu.