”Ladrão de Vidas"

Beijo as flores de maio,

Como quem perde o amor por entre as

Pétalas, expelida a cada beijo mortal

estendida à boca do vento.

Incredulamente atraio os raios,

Como quem come uma vingança,

Ou quem sente o prazer de uma chacina

Entre as carnes.

Sou mostro por dentro da pele,

Sou mortífero, cobra de duas cabeças,

Não tenho rabo sobre posto a mesa,

Sou mito, fera,

Fenício nas duas cabeças,

Mitológica serpente humana.

Sou esfinge que não se levanta,

Paleolítico meus dons naturais,

Espero do sangue o valor,

Da morte o premio de minha

Convalescença,

Minha inutilidade se preserva

Em minha crueldade,

Sou porco entre lavagem,

Vomito que apodrece na boca.

Retorcido como ferro em brasa,

Cravando punhal ou faca no ventre

De uma circunstância,

Rouba a essência de um sentimento,

Adoro ver o último suspiro de um derrotado,

Minha força esta na agonia das outras,

A carne retiro do dente seu resto,

Entre os gritos e o silêncio tenho

Um prazer completo, um orgasmo

Enlouquecido.

Batizo meu desprezo a cada alma

Estendida ao silêncio,

Como quem não se importa.

mais o tempo é meu inimigo,

E a cada manha me tira o brilho,

Lava menos sangue, e menos morte,

assina dia a dia meu suicídio,

mais que tenha eu a morte

em vista e a vida por trás de uma passada

esquina.

E em gloria minha vida escrita e no

meu túmulo esteja a grifa,

"aqui Jaz um ladrão de vidas".