Números Vermelhos

Dois pilotos se enfrentam ao volante

No rally Dakar da M30

O segundo não cumpriu os cinquenta

E o que vai na frente do Sargento Pimenta

É um marciano que canta pelos cotovelos do seu irmão.

Ambos tem seus ciúmes e suas noivas,

Seus divórcios, seus anjos caídos,

Seus vulcões, seus lutos, quem terá sido?

Suas virtudes e suas fobias,

Mas um soa a morte na camisa

E o outro duvida e nunca tem pressa.

Que par de idiotas,

Dois elevadores,

Gata com botas,

Males de amores,

Volte ao rebanho

Carne enlutada

Sobram degraus

Vista cansada

Teu e alheio

Beijos ímpares,

Pão com veneno

Lua sem bares.

Heróis sem tumba,

Cal nos olhos

Fome com rumba

Números vermelhos.

Quem disse que hoje é múltiplo de antes,

E o ego um invejoso malcriado,

Que maldição separa os amantes

Que não se hão esquecido,

Quem poderá resolver a quadratura

Desta regra de três com calentura?

Falta um valete

Sobram dois reis,

Corpos de jota

Contra as leis,

Ratos de barco

Freia esta moto,

Viúva de narco,

Bodas sem fotos.

Seda com lã,

Unha sem mão

Cada semana

Morre um verão.

Trajes de luzes

Pata de coxo

Caras e cruzes

Números Vermelhos...

Joaquin
Enviado por Joaquin em 24/02/2011
Código do texto: T2812247