Números Vermelhos
Dois pilotos se enfrentam ao volante
No rally Dakar da M30
O segundo não cumpriu os cinquenta
E o que vai na frente do Sargento Pimenta
É um marciano que canta pelos cotovelos do seu irmão.
Ambos tem seus ciúmes e suas noivas,
Seus divórcios, seus anjos caídos,
Seus vulcões, seus lutos, quem terá sido?
Suas virtudes e suas fobias,
Mas um soa a morte na camisa
E o outro duvida e nunca tem pressa.
Que par de idiotas,
Dois elevadores,
Gata com botas,
Males de amores,
Volte ao rebanho
Carne enlutada
Sobram degraus
Vista cansada
Teu e alheio
Beijos ímpares,
Pão com veneno
Lua sem bares.
Heróis sem tumba,
Cal nos olhos
Fome com rumba
Números vermelhos.
Quem disse que hoje é múltiplo de antes,
E o ego um invejoso malcriado,
Que maldição separa os amantes
Que não se hão esquecido,
Quem poderá resolver a quadratura
Desta regra de três com calentura?
Falta um valete
Sobram dois reis,
Corpos de jota
Contra as leis,
Ratos de barco
Freia esta moto,
Viúva de narco,
Bodas sem fotos.
Seda com lã,
Unha sem mão
Cada semana
Morre um verão.
Trajes de luzes
Pata de coxo
Caras e cruzes
Números Vermelhos...