Viuvinha de Clicquot.

As quinze os cordatos de atar me cortaram as asas,

Aos vinte escapei por um triz do pé do altar,

Aos trinta fui de armas tomar sem colete ante-balas,

Londres foi Montparnasse sem gabachos, Antocha com mar.

Aos quarenta e dez naufraguei em um plus ultra sem farol,

Meu cavalo voltou sozinho pra casa, que foi de John Wayne

Eu passei do limite pra passar no exame,

Com sessenta que importa o tamanho dos meus Calvin Klein?

Nunca soube afinar a guitarra que encabresta meu potro,

Quando o dealer disse que sim não lhe disse que não,

A formiguinha morreu, a cigarra se casou com outro,

Eu apostei pelas fichas caídas do seu dominó.

Allons enfants de la patrie,

Maldito maio de Paris,

Vendi em Porto Belo os cravos da minha cruz,

Brindei com o diabo a sua saúde.

Chamava-se Rebeca a gringa que empato comigo,

Mostrava-me a língua em lugar de me ensinar a beijar,

Me compro uma tormenta depois de roubar-me o abrigo,

Com as costas molhada não a nada pior que sonhar.

Negociei tabuas ao xadrez: teu bispo por meus peões,

Cristalizei nos mamilos com sal da mulher de Ló,

antes de que tingira novembro minhas habitações,

Destapei outra garrafa com a Viuvinha de Clicquot.

Allons enfants de la patrie,

Maldito maio de Paris,

Vendi em Porto Belo os cravos da minha cruz,

Brindei com o diabo a sua saúde.

Minha maneira de comprometer-me foi fugindo.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 19/03/2011
Reeditado em 19/03/2011
Código do texto: T2858200