A criação

Eu me criei,

numa velha tarde.

Sem cérebro, não pensei.

Sem coração, não pus saudade.

Eu me criei,

sem conhecer a estrutura.

Sem pés, não andei.

Fiz tudo na luta.

Eu me criei,

sem noção de tempo.

Sei que esperei...

séculos de sofrimento.

Eu me criei,

do termo de feitura,

sei que pequei,

com o parecer da criatura.

Eu me criei,

com trabalho e esforço.

Sem mãos não desenhei.

E não havia costelas de outro.

Quem sou?

Senão a criatura do ontem.

A criatura do amanhã.

Presente do homem.

A criatura pagã.

FLÁVIA PINHEIRO
Enviado por FLÁVIA PINHEIRO em 21/03/2011
Código do texto: T2861319
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