Elogio da loucura
IV- A loucura da arte
- Envolver-se com a arte é viver outra vida dentro de sua própria vida.
A arte é o impulso que compõe vida,
mas também a doença incurável
acompanhada de dor, desespero e tédio.
podendo muitas vezes ser fatal.
Poesia é uma doença no cérebro
Agonia de alma e um corpo preso
ao grito interno, sem força pra liberta-se.
Porém, tem uma vontade própria
de se modelar, um senso peculiar de condução.
E como qualquer vida, às vezes
Dom Quixote conduz o regozijo do céu
e na maioria dos momentos,
a queda do cavalo induz ao fardo.
Outras, no entanto, Virgílio mostra o inferno
Enquanto Dante funde as dimensões
E faz das trevas o paraíso, transmitindo as emoções
Desmentindo as razões de conduta
do potencial ‘coerência’...
Emanando perfeita vivacidade
Invadindo a privacidade de cada qual que cria
Expondo a ficar-se escondido atrás dos retratos
Feito Magritte, aguçado de sentidos
Toca tão profundamente minha alma
Quanto o corpo da mãe boiando
às suas vistas, e tantas outras vistas
ainda que distorcidas, a perfeição!
Despencando do céu sereno
A realidade estratégica da vida.
Enquanto o escritor nasce na ruína
despencando nas linhas que cria
e medida do fardo conciliável ao vício:
contornando tinta e desenho nas palavras
a apoteose melodia traz
o segredo inviolável doutros tempos
invencível criatura de terrível doçura
inventa as lembranças mais sutis
acalenta as paixões e coleciona dos caixões
as rosas mais belas, mais vivas...
*Este poema é composto por 7 partes, este é o 4.