Estranho mundo dos espelhos ( O vira-mundo)
Quando olho para mim
sou como a água que corre
pelas areias brancas.
Sou como o cristal
que se quebra pelas
dunas santas
Sou pérola em flor;
ninho em fúria
que anda e desanda.
Não me percebo
me escrevo em pedaços
outrora deixados
tão longe atrás de mim,
sou fugidia, menina ingênua
dos cabelos cacheados
perdida nos erros
de minha mocidade.
Escrava!
Oh, mundo de espelhos
de reflexos que eu busquei
em heróis mortos no passado,
heróis que fossem de carne
de pele e vontades
e um coração de carne
que palpitasse...
palpitasse forte.
Admirável mundo perdido
dos sonhos que a gente sonha,
dentro das ganas
que a gente ganha
e que as perdemos por serem pobres,
ó tu, que estás tão presente,
tão invisível em tua beleza,
tão singular em tua crueza,
traze-me de volta
a menina franzina
de saia colorida
que arrancava flores,
porque o mundo era mundo
e não só pensamento,
o vira-mundo.