Desmaio

Cadê o furo no fundo do bolso?

O calado cansaço esquisito de se pensar

Acabou bem feito no livre e escuro calabouço

As rodas felizes já não têm o que cantar

Cada sujeito experimentou o som do silêncio cretino

E foi que os andaços pelados de amor

Fugiram e percorrendo o resto do mundo

Vibrando e sorrindo até as orelhas de calor

Para não se verem lamentavelmente moribundos

Displicentemente desconcertados com o prazer

E caíram quase vagarosamente pelas ruas

Levantaram os corpos dos impulsos lamentosos

Descobrindo as próprias entranhas internamente nuas

Como eram instigantes e invariavelmente penosos

Os olhares que entrecruzavam e se comiam

Depois dessa noite de aventuras tão inocentes

Houve uma movimentação nervosa

As caras já não faziam mais bocas inconseqüentes

E as sensualidades já não eram tão prazerosas

Libertaram-se enfim da prisão de suas almas

E foram descansar em paz longe dessa alucinante visão

Deixaram que os corpos ficassem vagando no inferno

Enquanto o pensamento longe voava para não ouvir não

Poderiam se perder, mas definitivamente se acalmaram;

E sozinhos dormiram como em profundo desmaio.

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 19/12/2006
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