Sem nome
Como eu queria poder ter agora,
no som das palavras, o fio de mil gládios.
E a ânsia indomada dos potros
no coração.
Queria ser vento, tornado, tufão.
Queria ser raio e tormenta voraz.
Queria ser rio em enchente medonha,
de águas furiosas, correndo sagaz!
Ou terremoto – abalo na terra!
Ou maremoto – convulsão no mar!
E ter a alma dos clarins de guerra
ordenando a carga já por começar!
Queria ser noite, ser treva e ser breu.
Ser lava cuspida na noite de horror.
Queria ser nuvem e rocha e vulcão,
banhando a montanha de fogo e pavor!
Queria ser gelo, avalanche, ser frio.
Nevasca incessante castigando a tarde!
Um álgido inverno que o Homem não viu.
Mas só sou humano
de sonhos profanos.
E não me contento
por não ser noite, nem vento
nem fogo, nem rio...