00:00

Meia-noite, agora...

Mas, que importa a hora

Se o tempo é eterno?

Que importa a porta,

Se o caminho é longo

E termina no inferno?

Na TV, não passa

Mais nada de novo

Nessas altas horas...

Estou só na vida

E ela me convida

Para ir embora.

Meia-noite, agora...

Se eu for embora

É tarde demais?

Tubarões esperam

Que eu caia da tábua.

Mas, e se eu pular,

Terei o mesmo gosto?

Isto posto, prossigamos,

Que a hora dos demônios

Ainda não chegou.

Não há nada mais cruel que o silêncio

Corroendo as horas,

Corroendo a noite

E o meu coração.

Vida silenciosa

Sem gritos de guerra,

Sem terçar de ferros,

Sem janelas estilhaçando,

Sem cães uivando para a lua...

Meia-noite agora...

Mas, e lá fora,

Que acontece?

Quantos há, lá fora,

Mortos ainda vivos

Presos no silêncio?

Que falta me faz

Um ronco de motor,

Um grito de socorro,

Um gesto de amor

(E a espada do Zorro?)...

Preciso de ondas

Que venham rebentar em mim.

Preciso de vento

Que passe assoviando

Uma canção de antes.

As minhas raízes já viraram pó

E ainda não dei frutos

Para os pássaros

De amanhã.

Lorazepam,

Biperideno,

Risperidona,

Quinze dias de atestado...

E o resultado?

Julius Patricius
Enviado por Julius Patricius em 29/10/2011
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T3305179
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.