Minha loucura

Na claustrofóbica sala de minha alma

Eu sangrava me debatendo nas negras paredes

Era um vidro semitransparente.

Só via o outro lado se encostasse meu rosto

E fora dali eu me achava perdida no universo.

Entre estrelas e corpos celestes.

Ninguém ouviria meus gritos

Sentei-me no centro desta sala

Invoquei o meu Deus

Mas acho que não me ouviu.

...

Continuei, e continuo perdida aqui.

Meu corpo esta se decompondo

Apodreço em vida, dói muito.

Não tenho voz, só baixos gemidos.

Não consigo morrer, tudo dói.

Escrevo agora com as gotas.

Que restam de meu sangue.

Ninguém nunca vai ler...

Engraçado que agora me sinto livre.

Macabra solidão... No fundo eu sempre estive aqui

Ninguém nunca me ouviu gritar...

...

Meus ossos estão aparentes.

Posso ver os bichos me comendo.

Descubro então que não estava tão só!

Ironia doentia! Minha única companhia!

Lembro-me de tantos rostos...

Vozes, sorrisos, tudo se foi...

Pra onde e por que não sei...

Sinto muito frio, estremeço...

Se tivesse ainda água no corpo choraria...

Se tivesse força, tentaria mais uma vez fugir daqui.

Se eu ainda respirasse tentaria sentir algum cheiro...

...

Minhas asas quebradas estão ali em um canto...

Vejo agora tudo o que já perdi...

Minha alma plana sobre meu corpo inerte.

Olho pra meu novo corpo, ele tem marcas.

Negras fendas enraizadas.

Uma forte luz se abre diante de meus olhos...

Uma negra e sombria floresta me espera.

É linda, com rosas negras e musgo úmido.

É o meu céu...cheio de nevoas e sons assustadores.

Quase posso cantar a esta beleza inspiradora...

T Sophie
Enviado por T Sophie em 08/01/2007
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