Os cachorros do amanhecer

Na hora do assalto e da paixão

Quando o inferno espreita na escadaria

Quando perde os nervos a razão

E cruza o perseguido a fronteira

Na hora de abraçar

Na hora de matar

Na hora que se barbeia o violador

E dorme o sentinela na guarita

E sonha com a gloria o mal ator

E desfolha o desejo sua margarida

Na hora de apostar

Na hora de rezar

Quando voam os passaros da anciedade

Quando o esquecimento tarda em acudir

Quando o prisioneiro desenha o plano de fuga

E os usureros escondem seu botim

E conta os comprimidos o suicida

Na hora do desamor

Na hora do suor

Na hora do primeiro despertador

Quando entra no metrô o exibicionista

E chora o ejaculador precoce

E se masturba a telefonista.

Na hora do ardor

Na hora do terror

Quando cantam os grilos da depressão

Quando os beijos tem sabor de alcatrão

Quando os travesseiros são de gelo

Quando o enfermo aprende a blasfemar

Quando não sai trens pro céu

Na hora de maldizer

Na hora de mentir

Quando marca suas cartas o tahúr

E rasga o músico sua partitura

E volta nosferatu ao ataúde

E passa o caminhão do lixo

Na hora de crescer

Na hora de perder

Quando latem os cachorros do amanhecer.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 08/01/2012
Código do texto: T3428857