Romance Póstumo

Deitado em uma laje sombria de mármore

Na frígida noite um luar sonolento

Olhar para o céu e um espanto, ao relento

Com o pio da coruja, incessante, na árvore.

O som se repete no eco noturno

E transborda na noite de negro estrelado,

Na solidão louca de um namorado

Que segue insólito, só, taciturno...

A lua em meio às nuvens se perde

E as estrelas brilhantes se apagam no vento.

O pranto agoniza o arrependimento

E a chuva, solene, esconde a verdade.

Sozinho, repleto de tumbas alheias

Acompanhado de um amor verdadeiro

Que ali descansava, no sono eterno

E que atormentava o próprio companheiro.

Num ato de fúria, de angústia e de dor

Retira da laje as flores doadas

Por entes queridos de sua bela amada...

E se concentra numa única flor...

Uma rosa, de pétalas rubras, vistosas

Permanece em pé sobre a tumba recente.

Presente da amada, moça amorosa

Para o seu amor, que chora, sorridente.