Nas linhas

Podemos falar agora

Falaremos deles ou ate de nos

Somos tão iguais assim condenados ao silencio do sepulcro

Nossas vozes amordaçadas

As vozes deles... tão quietas

Aqueles que traçam suas historias redigindo palavras nas linhas como trens

Que se encontram discutem e planejam

Aqueles que esperam

Tão sóbrios ou bêbados que já não sabem a diferença

Jovens com alma de anjo e a retórica das fadas

Aqueles que são desacreditados

Que trabalham nas fabricas cercados de nada

E que pensam

Que foram confundidos difamados e esquecidos

Aqueles que ainda sonham suas casas cobertas de gloria

Seus desejos tão plenos de goso

Aqueles que escapam aos laços da realidade

Alterados, magoados, mas coesos.

Os que não falam das noites secretas nem choram aos ouvidos do povo

Que experimentam as torturas sem reservas

Que predizem seu próprio mal decaindo aos poucos

Os loucos e idiotas

Os cegos não querem velos

Seus faros não podem encontralos

Seus sentidos inúteis não podem reconhecelos

As bestas rondando nas ruas

E eles corajosos permanecem

Os que insistem nos talentos que lhes pertencem

Os que não temem e não ligam

Os que não querem suas aprovações

Aqueles que sabem

Apenas isso

Somos nos armados de palavras

Cavaleiros montados na escrita

Nossas lanças de poemas afiados

Nossas armaduras de historias escritas

Nossa dor se derrete no copo

Nossa noite e longa e vivida

Nosso amor sabe que e nosso

Nossa lua e opaca e sem vida

Somos-nos que não trazemos esperanças

Nem exasperamos conflitos

Que só possuímos a palavra e a poesia

Somos-nos

Presos, perdidos, condenados.

Que somos simples e confessos

Que amamos e odiamos

Que resistimos

Nos os que não esquecem

Somos nos amontoados de canetas e cadernos

Somos um mundo dentro do outro

Somos-nos

Somos-nos

Nos que somos.

JANNUS LOBO
Enviado por JANNUS LOBO em 06/03/2012
Reeditado em 20/02/2019
Código do texto: T3538363
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