Manicômio
Sou um caso perdido
Não tenho cura
Ignoro tantas coisas
Até o que não conheço
Acredite,vivo roxo de raiva
Perdi a educação
Agora cuspo no chão
E digo palavrão
Penso na utilidade da poesia
Na prática do amor livre
Odeio espelhos retrovisores
Odeio casais de namorados
Odeio pombinhas na praça
Odeio ratos cinzas
Odeio luzes e escuridão
Bato a cabeça raspada
Sem dizer uma palavra
Durmo no tapete da sala
Preso pelas paredes brancas
Maldito barulho da rua
Tanta casca,tanto casco
Limpo os ouvidos e o nariz
Faço bolinhas de meleca
Dou tiro de canhão na janela
Estou tão calmo
Odeio visitas de domingo
Odeio exames
Odeio bancos de cimento
Odeio cartões de crédito
Odeio fotografias
Quero sangrar, fico com medo
Quero gritar, mas não consigo
A loucura fez de mim um palhaço
Sonho feio de um arcanjo
Que não sorri nem chora
Estúpida lembrança de verão
No meio de um arquivo
De um parapsicólogo
Grudada em outros papéis
Com goma arábica e saliva