Manicômio

Sou um caso perdido

Não tenho cura

Ignoro tantas coisas

Até o que não conheço

Acredite,vivo roxo de raiva

Perdi a educação

Agora cuspo no chão

E digo palavrão

Penso na utilidade da poesia

Na prática do amor livre

Odeio espelhos retrovisores

Odeio casais de namorados

Odeio pombinhas na praça

Odeio ratos cinzas

Odeio luzes e escuridão

Bato a cabeça raspada

Sem dizer uma palavra

Durmo no tapete da sala

Preso pelas paredes brancas

Maldito barulho da rua

Tanta casca,tanto casco

Limpo os ouvidos e o nariz

Faço bolinhas de meleca

Dou tiro de canhão na janela

Estou tão calmo

Odeio visitas de domingo

Odeio exames

Odeio bancos de cimento

Odeio cartões de crédito

Odeio fotografias

Quero sangrar, fico com medo

Quero gritar, mas não consigo

A loucura fez de mim um palhaço

Sonho feio de um arcanjo

Que não sorri nem chora

Estúpida lembrança de verão

No meio de um arquivo

De um parapsicólogo

Grudada em outros papéis

Com goma arábica e saliva

carlos assis
Enviado por carlos assis em 24/03/2012
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