O ultimo gole

Estava ele jogado feito retrato

No canto cinza do quarto

Debruçado sobre o passado

em livros esquecidos

Que não foram escritos para serem lidos

Estava vertiginosamente entregue à reminiscência

De tudo que vivera até aquele ultimo gole

Perguntou o quanto dos seus medos eram sinceros

Questionou seus amigos,

Seus amores,

Suas vidas anteriores

Envaideceu-se das tragédias que havia esquecido

Andou até o jardim

Sobre os pés úmidos,

O próprio corpo vazio

Profanou os deuses

E invocou a morte num movimento derradeiro

Renunciando a vida num último gole,

tal como ela o havia renunciado

Bruno Cabelo
Enviado por Bruno Cabelo em 04/02/2007
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