O ultimo gole
Estava ele jogado feito retrato
No canto cinza do quarto
Debruçado sobre o passado
em livros esquecidos
Que não foram escritos para serem lidos
Estava vertiginosamente entregue à reminiscência
De tudo que vivera até aquele ultimo gole
Perguntou o quanto dos seus medos eram sinceros
Questionou seus amigos,
Seus amores,
Suas vidas anteriores
Envaideceu-se das tragédias que havia esquecido
Andou até o jardim
Sobre os pés úmidos,
O próprio corpo vazio
Profanou os deuses
E invocou a morte num movimento derradeiro
Renunciando a vida num último gole,
tal como ela o havia renunciado