ESSE  DEUS  DESCONHECIDO






Fervia-se o tempo
em panela de ferro
ebulição das eras!

Borbulhavam os dias
de horas chiadas
respingo de minutos
caldo quente dos anos
fervura dos séculos

Cozinhava o tempo
em panela de ferro
imponente lava
cegando os crentes
abominando os fracos
roubando a forma
aos corpos insensatos

E ao fogo inclemente
da fatalidade
nasciam e morriam
as bolhas dos aconteceres
Na panela de ferro
a cozinhar as eras
encolhiam-se milênios

Eterno é o que queima e arde 
se transfigura
sobre as chamas
e renasce pela boca
do inesperado
sem jamais se consumar...
Inconsumatus est!

Eterno é o verbo
queimado
ao fogo do
incompreensível

Eterno é o verbo
na lava que se consome
em si mesma

Seja feita a vossa vontade
a vontade
de quem quer que seja
esse deus
princípio, ou fim, fatalidade
ou cansaço, ou tédio
teimosia
ou desembestada vontade

Não quero tal improviso
per secula seculorum
digo não ao paraíso
deste deus
Desconhecido!













tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 27/07/2012
Código do texto: T3800280
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