Cavaleiro desandante II

Sem pintura, caiado e tosco,

desarmado até às dentduras,

De armadura dura de roer,

Lá vou eu...Entre lamas, alamedas,

Pedras e vidraças que não se dão;

Porém, tão polidas e silenciosas...

Refletem senhorinhas forjadas na TV.

Cabeças duras como a rocha,

Rôxas, de luxo e lixo amalgamadas;

Por detrás de meu escudo enferrujado

Vejo você, você mesmo, que se diz traído,

Rodopiando no mesmo redemoínho que eu.

Meu silêncio, ofuscado pela guerra,

Não se cala, dele, e dificilmete se fala.

Vamos lá, alguns passos a mais

Pra quem é de ferro não é nada;

Então vejo vestidos, calças, calções

E imensas calçadas;

Dentro e sobre elas, as pessoas estão nuas

E fingem não saber de nada.

Lágrimas despencam silenciosamente;

Ninguém viu, ninguém chorou.

Vidas roubadas à conta gotas

Pelos vícios dos seus vinícius;

A alegria, de tristeza discimulada, não diz nada;

Borrada com caros cremes, caras mesas,

Mas as caras são as mesmas.

Rocks, pops ou até mesmo as sertanejas.

Todos são o que não são, ninguém é nada não.

Um pedaço de carne que se olha no espelho;

Todos, sangue é vermelho, azul?!

As comidas, ainda não comidas,

esperam nos mercados.

Mas as latas de lixo, também são bem quistas

Visitadas pelos que não mencionamos.

É aí que minha couraça se despedaça!

Cristãos , budistas e aiatolás

Atolados no mesmo barro? Que sarro!

Acendo um cigarro, me sento e penso:

-Nem uma armadura é uma arma tão dura

Que dura para sempre...

A Espada nua e crua da verdade

Espeta minha alma, verdadeiramente nua.

Natural... Para um espírito que vaga

Incauto e sozinho meio perdido de lua em lua...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 05/10/2012
Reeditado em 12/10/2012
Código do texto: T3917745
Classificação de conteúdo: seguro