DESASTRE

Tudo apagado!

E baratas arranham pele e osso!

Ratazanas carcomem cerne e tino!

Há cegueira de cor, há escuridão!

Audição aguçada para os gritos!

Saraivadas das ácidas invejas

jorram sobre o percurso esburacado

de uma vida tingida pelo enfado,

de derrotas seladas pelo medo.

Tudo seco!

Pandemias de febres, cancro, cólera

na cratera de vermes asquerosos,

troncos ocos pendidos rente ao chão

que fervilham serpentes caninadas.

De amplas asas!

Surra a vida, pendura o corpo à corda

toda podre de planos estuprados

e o derrete aos pouquinhos, gota a gota,

feito plástico ao fogo, que arde e marca.

E mutila!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 06/01/2013
Reeditado em 10/01/2013
Código do texto: T4070813
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