O INFERNO É AQUI

Eu sou o "Save Our Souls" dos povos oprimidos;

E o olhar "blasé"

Dos ricos!

Eu sou o medo de arriscar a sorte;

E o beijo frio e certo

Da morte!

Eu sou a culpa que se esconde na mente;

E a má notícia que se sabe

De repente!

Eu sou a pedra sinistra que faz cair;

E a montanha intransponível

Que faz desistir!

Eu sou o prazer com o sofrimento de alguém;

E o estranho prazer

De sofrer também!

Eu sou o sangue inocente derramado na guerra;

E o luto pelas vítimas sepultadas

Na terra!

Eu sou o romantismo afogado na correnteza das horas;

E o amargurado suicídio

Das rosas!

Eu sou o ar poluído que o fôlego sufoca;

E o imperialismo, e as mortes

Que provoca!

Eu sou o bem-estar traduzido em números monetários;

E o mal-estar causado pelas altas taxas

De juros bancários!

Eu sou a realidade crua, e a palavra fria;

E a catástrofe iminente

Que angustia!

Eu sou o discurso alucinado dos ditadores;

E o barco que naufraga no mar

De horrores!

Eu sou o predador que devora a presa;

E a fome que tortura os filhos

Da pobreza!

Eu sou a Mão Invisível que a economia controla;

E o pleno emprego inatingível

Da mão de obra!

Eu sou o perigo que ronda todos os precipícios;

E o risco de overdose fulminante

De todos os vícios!

Eu sou a preguiça de cultivar o futuro;

E o fruto que cai

De maduro!

Eu sou a cruz que se levanta ao amanhecer;

E o peso do cansaço

Ao anoitecer!

Eu sou a alegria sofrida que dura pouco;

E o soluço incontido

Do choro!

Eu sou o veneno fatal secretado pela cascavel;

E “O Príncipe”, o personagem astucioso

De Maquiavel!

Eu sou a putrefação da moral, e dos bons costumes;

E o mau cheiro que exala

Dos estrumes!

Eu sou o mendigo que adormece ao luar;

E o assassino que o mata por prazer

De matar!

Eu sou a saudade que rasga o peito;

E o sangue que escorre

Do sonho desfeito!

Eu sou o mau presságio, e o mau agouro;

E a má sorte de quem chega

Ao fundo do poço!

Eu sou a traição de Judas, e o ato de Pilatos;

E o preconceito, e a discriminação

Dos negros e mulatos!

Eu sou o marxismo cultural, e o comunismo liberticida;

E a mentira que vira verdade

De tanto ser repetida!

Muito prazer,

Eu me chamo Inferno!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 09/03/2013
Reeditado em 20/05/2013
Código do texto: T4180281
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