Pingos de Tinta

Pingos de tinta caem do céu e colorem todo o cinza ao meu redor

Esqueço os erros e os medos que me oprimem quando olho para aquele mar de cores

Posso correr o dia todo que sei que minhas sombras me alcançam e andam comigo

Mas elas só me atingem se eu deixar, e no momento, eu quero apenas correr

É incrível olhar para o céu e capturar um pouco daquele azul perfeito

Sentir dentro de mim a ondulação suave das nuvens de algodão doce

Que formam desenhos abstratos e confusos pra mim

Se eu pudesse subir até elas brincaria de trampolim

Eu me quebro em mil pedaços e me rompo como uma flor de algodão

O vento me leva em estilhaços e espalha por aí pedaços de mim que não recupero

Não lembro quem eu era, o que eu fiz ou o que eu queria fazer

Parece que vivi mil vidas, nasci de novo, morri, de novo e de novo

Vou afundando, mergulhando, realidade escura que me puxa

Mas as cores, elas dançam em torno de mim, como bolhas de sabão

Eu danço com elas, apago o cinza e o preto, fecho as sombras atrás de mim

E caminho por uma estrada multicor que muda a cada passo que dou.