EM BREVE

Não,

Não vou mais suportar a indiferença

E a dor de saber que nada sou

Tua palavra, uma chaga intensa

Uma morte na alma suscitou

Eu não quero ser vítima das horas

Não sou mais uma escrava da dor

Sei bem como te revigoras

Meu delírio, tentas, em vão, depor

Não sou o Corvo de Poe

Não sou sua Leonor

Nada sou mais que o Diabo

É isso que sou em minhas dores de cabeça

Canto bem, ao menos isso

Alguém consegue reconhecer

A honra é por demais grandiosa

Ameaça me enaltecer

Lânguida e pálida sofrendo de enxaqueca

Mas a ânsia de escrever corrói a alma

O estômago contraído pela fome carnal

Ignorada

A rajada de vento quente lá fora

Lembra-me o primeiro vagido

Em ventre materno

Vento carregado de chuva, seja eterno

Seja minhas lágrimas e meu sangue.