O monstro feio do rancor


​Como crias da serpente,
Filhos de um pai ausente
Que nos deixou no lixo
Como se fôssemos bicho!
Com a boca aberta para o céu a gritar!
É fogo, vamos que é fúria
A remoer vingança da penúria -
Essa condição degradante
Que acompanha nosso luto errante
Pela felicidade que o destino veio levar...
 
Como loucos na corrente,
Cão que se morde e nada sente;
Coração que pulsa em agonia
Nos tormentos, pegando fogo em noite fria.
 
As pessoas feias não podem entrar -
E é por isso que vamos queimar
A festa chique do preconceito
Onde não temos lugar nem respeito...
 
Vamos que é fogo, quente como o pecado
Refletindo todo o maldito patriarcado
Que nos impõe morais falsas e vis,
Com seus estratagemas ardis.
Vamos que é fogo, vamos queimar!
Abrir o peito e libertar
Um monstro medonho e amaldiçoado.
Alimentando-se do fel ele aprende,
Que arrebentando a corrente que o prende
Pode do calabouço da alma sair e ser vingado.
 
Queimar como se queima no Inferno do rancor,
Ele apodrece e a alma já é um bolor
Que deixa feio e doente seu horrível espelho
E o deixa com sede de um sangue bem vermelho!
E assim o monstro que nos habita quer mais -
Libertar-se e pôr suas garras na vestimenta
Da beleza que, com suas regras, alimenta
Tudo que é dito normal, e o deixa sem paz!
 
Sr Arcano
Enviado por Sr Arcano em 26/06/2013
Código do texto: T4359908
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