De si para si mesmo

Rascunhando, a alma inglória, vívida sob labaredas.

Clamores imperceptíveis, ao passo do tempo pouco que lhe resta.

Penhores inescrupulosos regorjeando e respaldando o ar que lhe sufoca.

Ásperos restantes engajamentos, cujas mãos desmazeladas, das inconstâncias se entorpecem.

Já se foi, realístico, o gozo e tão vil sem alacridade e sequer meia vontade de seguir adiante.

Intrépido, indolente e extasiante.

Sopros, eco estrondoso.

Sonoridade de uma alma sufocada

Dos lampejos a ingenuidade

Dos pedaços, a irreversibilidade

Das faíscas a moralidade, impiedosa verdade, o lamento.

Em um espaço intermitente, inconstante e nada permanente, um lamurio, um augúrio, uma saudade.

Talvez seja isto:

O gozo inesgotável tenha se esgotado!

Não quero, porém é preciso!

Leve-me junto a ti, para qualquer lugar outro que seja.

Leve-me ao longe, ao perto, ao novo.

Sinto-me, pois, diante de tudo e todos, enfastiado.

A única fuga fulgura pela dentição, sem razão, sem direção

Espécime de loucura.

Estafada, inteiramente encontro-me

Inalando a fumaça de teu próprio pecado.

Pecas contra ti mesmo e, nada hei de fazer.

De nada sei, nada hei de entender.

Nem quero!

Espero!

Revelo!

Os pulmões enchem-se e eclodem.

O som silencia-se e o grito, grita e grita, e grita, cada vez mais baixo.

Um murmúrio inescrupuloso!

Lilian Pagliuca
Enviado por Lilian Pagliuca em 05/07/2013
Código do texto: T4373665
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