1996

Ter nascido me incomoda

Desde que me conheço por gente,

aí pelos seis anos de idade

Quando depois de muito brincar me sentava

e mirando meu olhar na parede questionava:

"E se eu não existisse, e se não tivesse nascido?"

Com aquele olhar penetrante, olhando o nada à minha frente

Ia embora uma tal personalidade

E nesse instante, despersonalizada,

Balançava a cabeça renegando a pergunta

e para realidade eu voltava

ou, acreditava que era a realidade até então

quando na verdade retornava ao meu mundo fantástico

E essas fantasias preenchiam a verdade da solidão.

Hoje, me sinto em 1996

Totalmente distante,

Revivendo os cheiros

Paranóias, receios e instantes

Distante de hoje, me perco

E o amanhã já não me importa

Nos corredores da morte eu corro

desesperada para a saída

e se fecham todas as portas de partida.

Não sei mais onde estou

E tampouco me importa.

Não adianta mais me encontrar.

Se morro - tenho medo -

Se vivo - estou morta -

Estou adormecida no vazio

De nunca obter uma resposta

- e nem quero -

Não quero morrer de verdade pois amo a vida,

Mas é que meu coração só se contradiz

entre a escolha do começo ou o fim:

Desejo estar aqui e continuar vivendo

Mas não quero continuar vivendo assim.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 01/08/2013
Código do texto: T4415375
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