PSEUDO-EGO

Chamavam-me

deus

naquela vila,

desembarquei

de um céu sem

estrelas

numa noite

de mar pesado.

Trazia aceso

um cigarro,

provei meu poder

bebendo a um só

golpe

todo estoque

de uísque

da taça,

ajoelharam-se

clamando:

Partilhai

conosco

seu trago,

escolhi a mais moça

dentre as putas

e lhe disse

para beijar

meu nariz,

lhe inflei

de fumaça

enquanto hinos

eram cantados

nas praças.

Disse-lhes:

Sou rei

ganhei uma coroa;

Sou deus

fizeram-me totem;

Sou homem

deram-me uma virgem,

Sou profeta

publicaram meus ditos

e eis que daqui

escrevo-lhe

um pedido urgente:

vens pois preciso

de um amor de verdade

neste mundo falso

que criei

recheado de analogias

teóricas,

descartado da prática

sólida

e eu solúvel

feito líquido

pra saciar

um povo faminto

do egoísmo nosso

de cada dia!

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 17/09/2013
Reeditado em 17/09/2013
Código do texto: T4485544
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