Medo
Medo
É este demônio de asas negras e sorriso amarelado que me impede de avançar.
Suas garras me assustam e me fazem calar coisas que queria gritar para que o mundo inteiro ouvisse.
Ele se aproxima de mim, ri na minha cara. Posso sentir seu hálito quente e fétido. Ele crava seus dentes em minha mente e me força a recuar.
É a ele que devo as minhas desesperanças e minhas lágrimas de dúvida. É esta horrenda criatura que repousa comigo quando você não vem.
Ele cortou minhas asas, cegou meus sonhos.
Faz-me ver as vontades das pessoas ao meu redor. Ele me diz “Você não pode decepciona-las, elas nunca perdoarão você”.
“Faça o que lhe dizem, siga as regras ou você nunca será feliz.”
“Não conseguirá sobreviver sozinha...”
“Você não é nada!”
E infelizmente, sua voz alcança-me a razão e me entorpece. Quantas vezes deixei-me guiar por ele. Tranquei-me em quartos sujos e escuros sem nem compreender a claridade dos raios de sol lá fora...
Ele está aqui. Me cerca, me cega, me ilude. Sinto seu cheiro característico. Reconheço sua presença, pois quando se aproxima, todo o meu corpo se arrepia. Cada ruído torna-se o fim do mundo...
Não tenho forças para vencê-lo. Não consigo olhar-lhe nos olhos, enfrenta-lo cara a cara. Se pudesse, talvez fosse mais feliz.
Tenho visto as pessoas ao meu redor crescendo, combatendo este demônio, mas, e eu? Porque não posso lutar contra ele, ir em busca dos meus sonhos, objetivos, porque não posso lutar pela minha felicidade?
Quero que alguém o exorcize de mim. Não quero mais a sua presença. Não é um bom companheiro.