O ciclone da vida

A semana passava

Sobre a minha cabeça,

Rápida como ciclone;

Depois de sete dias voltava.

Eu já tinha outra cara.

Ela também já era outra.

Sem que eu notasse,

Ela ia e vinha eternamente,

Trazendo, silente e sem pressa,

Uma praga que me mordia.

Um feitiço que não existia,

Mas passava todos os dias.

Descobri que era sozinho,

Que nem o vento ao relento...

Que eu já nascera rebento

Que seria um dia arrebentado.

Das coisas que fui feito

Sobraria apenas o pensamento.

Todas as noites, a tardinha,

Tinham bocas profundas

Que me tragavam a conta-gotas.

As cucas saiam dos porões

Trazendo os sacis as fadas safadas

E todos os dragões.

Do meu lado, os ventos arrotavam

Outras vidas líquidas.

Que eram iguais a minha.

Elas cresceriam para

Que as semanas insensíveis

As destruíssem sem dó.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 26/10/2013
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