Sou aquele sem aquém

Cabisbaixo, de posse nada além dos meus passos

Suspiro afônico e sem piedade meus ares esmagam pulmões

Sou por demais vazio – Por isso o vácuo dilacera

Aspira tudo o que há de bom e depois infesta...

O que me acomete não tem nome,

Mas vida própria, prevaricada de dolentes intenções

Intensamente é a dor – que estou sujeito a definhar

De mágoas, meu pote cheio de lágrimas cai

Toda boa esperança, agora degolada se esvai

Meu peito chia por repulsa

Nesta clausura, quieto desejos atônitos

Sem quê para devotar tantas lamúrias ou bem querer

Meu coração perece incrédulo de sonhos

Afoito, sou nada e de nada morro.

Deveras a liberdade (inquestionável remédio) me acolher mas,

Um ínfimo desespero vem tolher

Arrasar sequer um ato só de dó

Quebrantar meus nervos, fios de seda

Eu, isento de senso emocional – Sou carne seca

De súbito e susto – Dispara o medo contra mim com êxito

Devo tombar ao chão perplexo

Estou morto, absorto dos meus desgostos

Estou sem vida, cariado de mentiras

Sou defunto, da minha própria falta de assunto

E a poça de sangue que jorra – É esgoto de ideias mortas.