SÁTIRA BOCAGIANA

Ou “Bocage republicano”

Junto ao palácio real

De Queluz, nas cercanias,

Foi visto ao natural

O poeta das bizarrias.

Apanhado sem decoro,

No meio de tanta gente,

Foi preso com desaforo

P´ los guardas do Intendente.

“Eu, Bocage, me confesso

Esta ideia é muito minha

Mas, já agora, só vos peço

O peidar-me pra a Rainha.

Se dizeis que é coisa feia

E até grande baixeza

Pois é essa a minha ideia:

Cagar-me pra realeza.”

“Ai, poeta, estás bem tramado,

Por seres tão desordeiro

Vais de cana e algemado

Pra dentro do limoeiro.”

“Se em prisão eu tiver voz

Para lá daquela porta

Fico cagando pra vós

Pois é isso o que m´ importa!”

Frassino Machado

In LIRA BEM TEMPERADA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 21/11/2013
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