Me chame do que quiser

Me chame de meu bem

Que não vou dizer não

Me chame de ninguém

Que vou me juntar à multidão

Aqui dentro tem um coração

E você sabe

Que nada é pra sempre

Até que tudo acabe

Me chame de amor

Que não vou te negar nada

Me chame de sua dor

E que jamais será curada

Aqui do lado de fora

Nada é quase tudo

E o que eu ouço agora

São as ondas do seu mar mudo

Me chame de querido

Que não vou baixar a cabeça

Me chame se eu tiver ido

Que pedirei que me esqueça

Aqui do lado de dentro

Ainda tem um calo

Que fica bem no centro

De onde meu amor foi pelo ralo

Me chame de sua solidão

Que farei silêncio minha dama

Me chame de canção

Que entoarei músicas na sua cama

Aqui do lado de não sei onde

Há um moleque detestável

Que te ama e te odeia e não esconde

O que há em mim de mais amável

Sou seu elo pra lugar nenhum

Uma viagem sem partida

Sou sua garrafa de rum

Um beco sem saída

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 03/12/2013
Reeditado em 05/12/2013
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