Derrubados os portões...

Derrubados os portões

Do silêncio infante,

O gene mais nobre

Libera seu esperma

Em busca do semblante

Que perdera ao nascer

Os deuses embriagaram-se

Com a comédia de Dante

E agora procuram

Por Virgílio, Homero

E a mim em última

Estante, quando

Não mais a sanidade

Cobrir ao menos

Uma lúgubre lembrança

De beldade frente

Ao néctar sorvido

No último banquete servido

Jáz o Império do Sol

Não mais terá a história

O mesmo dilema como agora,

A morte alcançou

Sua última vítima,

Pobre Eneida

Pobre Lotte, filhas

Do íntimo pecado alheio

Fenecido em dores mil,

São miráveis as folhas

E perceptíveis a ordem

Dos novos labores

Que, a calos de sangue vivo

Calcou no machado a

Última gota do seu

Santificado suor

Grosseiro por natureza

E livre por direito

Em defesa dos deuses

Na teia de suas semideusas

Degusto cicuta com vinho tinto

Seco na távola do mártir

Que à beira do suicídio

Travou impetuoso

O último verso em prol

Do seu sonho pueril

Que agora paira

Junto às estrelas

Taurinas que seguem

Fiéis ao morto;

Pai nosso, estás no céu?

Santificado é o vosso nome?

Venha a nós o vosso reino

Seja feita a nossa vontade

Tanto na terra quanto no céu

O pão nosso de cada

Dia, o qual sobe na padaria,

Não dai hoje forças

Para enfrentar as ofensas

Assim como nós ofendemos

Aquele que não nos

Tem ofendido

Caindo sempre em tentação

Sem livrar-nos dos maus