A Chuva Escarlate

Não sei por quê

Mas quando chove minhas garras se fecham

Os olhos se abrem como janelas

E a luz pode penetrar no meu corpo sem medo

A partir daí sou feita das nuvens cinzas que me cercam

Posso me sentir dentro delas

E já não trato mais a vida como um erro

Gotas agressivas caem nos meus cabelos

Começam a enrolar os cachos molhados

Ao escorrer entre os fios, caem pingos vermelhos

Oh, que susto,

Era apenas a tinta dos meus cabelos

E fico pensando em voltar a ser o que era...

Um banho vermelho de cor

Já me sinto protagonista de um filme de terror

- e tudo se altera -

As portas rangem

Os raios ficam nervosos

E as pedras porosas que piso, machucam meus pés

O ar que respiro é terroso

Um cheiro forte de mato umedecido

E neste filme horroroso que de repente acordei

Através do olfato

E da chuva escarlate

Não me encontro

Não me consigo!

Persigo uma resposta que me afaste

Um gato salta no chão ensopado de água

Junto à um miado estridente

Minha mãe passou dentro de casa

E não percebeu quando eu lhe sorria contente

Nada mais parece corresponder

Treze minutos de horror

Até me dar conta,

Que havia parado de chover.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 11/01/2014
Reeditado em 12/01/2014
Código do texto: T4645886
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