Duas faces


Agora que estamos a sós
Eu, você e a página
Faremos enfim um recomeço
De onde tudo acaba.

Eu, fruto de minhas angústias
Carrego um buquê de flores murchas
Você, resultado de meus delírios
Carrega um sonho de farsas azuis

Eu, nada mais sou que um gesto pela metade
Desordenadamente revelando o encaixe
Você, nada mais é que um retrato desbotado
Inconscientemente revelando o acaso

Nós nada mais somos que um grotesco remendo
Uma gambiarra feitas as pressas (nas coxas)
Um fingindo ser poeta destila seus venenos
O outro para manter o equilíbrio distribui antídotos.