A arte de encontrar a si mesmo

Na cor do inverno, o cinza-azulado pintava os últimos fim-de-tarde com os amigos nas praças. E as noites, solto e livre pela cidade, sem ter pra onde ir. Normalmente com a boca roxa daqueles vinhos baratos. E os olhos vermelhos de dor, ou tristeza. Procurando por aí qualquer sinal de fumaça, qualquer ajuda ou resgate próximos, ou alguma coisa que chamasse atenção, que fizesse tudo fazer sentido, ou pelo menos que o fizesse sentir. Pra amenizar aqueles olhos vermelhos, nem que fosse com a cachaça, mesmo que preferisse que fosse por um sorriso. Mesmo que meio torto, ou meio amarelo, se fosse singelo, já era mais que o bastante.

Mas foi deitado na rede, com o violão embaixo do braço, num domingo sem razão, como de costume um domingo quase em vão. Foi fácil de perceber, na vida nada é por acaso, tudo acontece sem chamar atenção. No sol da manhã, e no vento que espalha as folhas secas pelo chão. É só o que basta pra gente perceber, que a vida esta acontecendo,nos cabe agora passar a viver.