SEM JUÍZO
SEM JUÍZO
Minhas rugas
Carregam sonhos
Ultrapassados, bisonhos
Saudade não sei do que
Da clausura, da ditadura
Do copo da dentadura
Da falta de lisura
Da falta de frescor, frescura
Quem sabe
Do pé no chão
Da bola de meia
Da meia sola
Da pobreza faminta
Da cinta
Ou ainda
Da vala fétida
Da água servida
Do rádio chiado
Do laranja banana
Do banana laranja
Do caldo de cana
E hoje não existe mais sonho
Tá tudo aí
Essa chateação resolvida
E isso lá é vida
Comer de tudo e todos
Andar por aí sem andar
Pés de borracha
Mudar sem participar
Levado em ondas
De evolução
Sem os pés no chão
Sonhos alados
Pesadelos criados
Realidade virtual
Virtual realidade
Imposta, imaterial
Sonho fatal
Paraíso sem siso
Juízo final
Adeus amor
Eu vou partir