SEM JUÍZO

SEM JUÍZO

Minhas rugas

Carregam sonhos

Ultrapassados, bisonhos

Saudade não sei do que

Da clausura, da ditadura

Do copo da dentadura

Da falta de lisura

Da falta de frescor, frescura

Quem sabe

Do pé no chão

Da bola de meia

Da meia sola

Da pobreza faminta

Da cinta

Ou ainda

Da vala fétida

Da água servida

Do rádio chiado

Do laranja banana

Do banana laranja

Do caldo de cana

E hoje não existe mais sonho

Tá tudo aí

Essa chateação resolvida

E isso lá é vida

Comer de tudo e todos

Andar por aí sem andar

Pés de borracha

Mudar sem participar

Levado em ondas

De evolução

Sem os pés no chão

Sonhos alados

Pesadelos criados

Realidade virtual

Virtual realidade

Imposta, imaterial

Sonho fatal

Paraíso sem siso

Juízo final

Adeus amor

Eu vou partir

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 09/06/2014
Reeditado em 10/06/2014
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