PORTAS D'ALMA

Ouço batidas na porta d'alma tocadas por fantasmas

Que me atormentam e se escondem em mim sem minha presença.

Vejo pessoas que não conheço passando aos gritos, desesperadas...

Noto que estou no meio delas também gritando coisas que não entendo.

O tempo passa e chegamos a algum lugar que conheço, sem saber onde é,

Descubro que estou nu e carrego uma pesada carga que não vejo,

Grito desesperado tentando livrar-me do peso, expurga-lo, e ouço vozes...

Vozes que choram sorrindo, zombando das minhas fraquezas.

No chão possas de sangue e corações com suas veias pulsando sangue,

Pulam como se vida tivessem, esguicham, tingindo todos de vermelho.

O final ainda não começou e minha angustia aumenta implacavelmente.

Num lapso de sanidade tento lembrar onde a verdade não foi mentira

E vejo mascaras de mil caras, transvasadas por espadas flamejantes,

Muitas das quais usei em sorrisos e lagrimas nos teatros da vida.

Tento chorar e não consigo, amargando um nó na garganta.

Por um precipício aos pés desejo para me livrar de tal dor dilacerante,

E novamente ouço vozes entoando cânticos infernais,

Agora, cantado por anjos que não vejo,

Dizendo que a morte é benevolente e não a mereço.

Assim, continuo a caminhada sem destino a procura de uma saída,

De um farol que abrace minha alma.

Haromax

Haromax
Enviado por Haromax em 15/06/2014
Reeditado em 31/05/2023
Código do texto: T4845264
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