Devaneio interno
Eu sou o meu próprio inferno
Aqui dentro, existe um céu também
mais ele é pesado e tem o ar abafado
como se abafa um bocejo de fogo
Eu sou o meu próprio trapo
Sem cores nesse retalho
que se esfumaça tão quente
que me queima o pé descalço
Aqui tem água fria
em torneiras gigantescas
Se escuta aplausos e gritos
em algumas cenas grotescas
Aqui tem pessoas vermelhas
brancas, negras, até da cor azul
Todas elas choram iguais
tanto no céu acima das telhas
quanto aqui , nos braços de satanás.