DEZ SONETOS À TRAGÉDIA - SONETO II
perpendiculados os homens nus
criaram sua sede de esperança
que o rio de sangue e de pus
findasse um dia sua nascença
pobre homem tolo e caduco
espera sentado àquela beira
ao passo que a vida sorve o suco
do fruto e furta-lhe a laranjeira
enquanto aos céus sobrevoam urubus
avistando ao chão tais homens nus
e ansiando ceiá-los temperado a pus
do rio malvado que corre sereno
brotando toda sujeira e todo veneno
noutras nascenças de palha e feno