DEZ SONETOS À TRAGÉDIA - SONETO III

ah! mas este rio deve ser navegado

construiremos o barco ébrio de Rimbaud

com os ossos dos fracos dilacerados

que a noite dos confins enfim coroou

então pela correnteza desceremos

rumo a outros belos recantos

e do sangue podre beberemos

para então vomitar novos cancros

e tudo será como outrora,

nossos bebês nascerão

muito antes da aurora

e nossas mãos abrirão

a caixa de Pandora

à bordo desta embarcação